MÊS DO ORGULHO LGBTQIA+-POR-JOSÉ INACIO SPERBER
MÊS DO ORGULHO LGBTQIA+:
MOMENTO DE CELEBRAÇÃO E DE RESISTÊNCIA
Gostaria de começar esse nosso diálogo falando do porquê de nós celebrarmos neste mês de junho, e mais especificamente na data de 28 de junho, o orgulho LGBTQIA+:
Em 28 de junho de 1969 acontecia no Clube Stonewall Inn, em Nova York, que era um dos pontos de encontro da comunidade LGBT na época, mais uma das comuns repressões policiais às pessoas LGBT, que naquele ano ainda eram consideradas doentes por suas condições de orientação sexual e identidade de gênero. Gays, Lésbicas, Bissexuais, Pessoas Trans, Travestis eram reprimidas e presas pela polícia apenas por serem quem eram.
Mas naquele 28 de junho houve uma revolta das pessoas que naquele local estavam e a violência policial teve uma resposta de resistência e de luta pelo direito de existir como se é. A partir daquele, outros protestos, motivados pela revolta de Stonewall tomaram as ruas e, um ano depois, em 1970, Nova York viria a sediar a primeira parada do Orgulho LGBT do mundo.
Relembramos Stonewall para não esquecer que muitos de nós morreram lutando para hoje pudéssemos, ainda com muitas ressalvas, ter o direito de viver em sociedade com nossas orientações sexuais e identidades de gênero. As ressalvas as quais me refiro são motivadas pelas recentes conquistas que nós, pessoas LGBTQIA+ tivemos, pois, imaginem vocês, se nossas primeiras batalhas datam do final do século passado, nós, que não estamos nem na metade do século seguinte, ainda temos de lutar todos os dias pelo direito de existir.
E para confirmar as minhas convicções apresento alguns dados muito importantes. No Brasil, a equiparação da união estável de pessoas do mesmo sexo, aconteceu no ano de 2011. O direito ao casamento civil aconteceu em 2013. E o direito à adoção por casais homoafetivos, em 2015.
Ainda sobre conquistas recentes, acredito ser importante destacarmos um fator que afetou e feriu nossas vidas por muito tempo. Somente em maio de 1990, a organização mundial da saúde (OMS) retirou da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) a homossexualidade. E uma informação ainda mais estarrecedora: a transexualidade foi retirada desta mesma lista de doenças apenas em 2019.
Também no ano de 2019, nós tivemos uma importante conquista: a criminalização dos atos de violência contra pessoas LGBTQIA+. Em junho daquele ano o Supremo Tribunal Federal reconhecia a falha e a demora do congresso nacional em não criar uma legislação que punisse esses crimes no país que mais mata pessoas como eu, todos os dias.
Por fim, concluo dizendo que nossas conquistas são recentes, resultados de muitas batalhas e lutas contra a violência e o conservadorismo, travadas pelo movimento LGBTQIA+ por todo o mundo. A luta continua e é nosso dever estar ao lado de quem defende nossos direitos para que as próximas gerações encontrem um mundo mais justo, humano e sensível para viver.
José Inacio Sperber
Atualmente cursando mestrado em Educação na Universidade Regional de Blumenau – FURB Graduado em Artes Visuais também pela mesma universidade. Gay e militante do movimento LGBTQIA+. Pesquisador na área de Arte, Estética e Educação.
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